sexta-feira, 25 de maio de 2007

Cartesius discute padrões de beleza femininos

Nossos colegas do grupo Cartesius apresentaram ontem seu mini-seminário do bimestre. O tema que eles tomaram para si era ligado à discussão dos padrões de beleza impostos às mulheres ao longo dos anos.

A exposição começou com uma retrospectiva, em slides eletrônicos, dos padrões de beleza vigentes ao longo dos tempos. Comentou, por exemplo, que durante o Renascimento as mulheres valorizadas eram as mais rechonchudas, cujas curvas sugeriam boa nutrição numa época de escassez de alimentos; lembrou dos cruéis espartilhos que esmagavam as cinturinhas das donzelas; mostrou os vestidos andróginos das divas hollywoodianas dos anos 20; e, como não poderia deixar de ser, citou modelos que brilharam nas passarelas mundiais, desde a magrela Twiggy, nos anos 60, até as estrelas Cindy Crawford, Kate Moss e Gisele Bündchen.

A seguir, o grupo explicou que os padrões de beleza são internalizados pelas pessoas na infância. Nesse contexto entram as célebres bonecas Barbie e Suzy e os próprios desenhos animados, que mostram os mocinhos dentro dos ideais de beleza vigentes e os vilões fora desses padrões - portanto, "feios".

Essa mensagem subliminar, que liga beleza a virtude, já estava contida no primeiro modelo de beleza, de Pitágoras, para quem o belo era justo e bom. Já Platão discordava desse conceito, lembrando que a beleza era enganadora - vide os sofistas, que seduziam com seus belos discursos falsos.

O grupo ensinou que cada um de nós tem uma relação pessoal com os objetos e as pessoas, permeada pelos valores estéticos que trazemos conosco. Cálculos são belos para matemáticos, enquanto textos encantam jornalistas. Quando existe essa identificação entre o objeto e as referências que nos apetecem, temos uma experiência estética; quando essa relação não existe, nosso contato com o objeto ou a pessoa deixa de ser prazeroso.

Outro assunto tratado na exposição do Cartesius foi a exploração da beleza pela mídia, seja nas capas de revistas que distorcem a real beleza de suas protagonistas, seja nos reality shows que exploram a sensualidade dos participantes, seja nas passarelas que impõem medidas corporais cruéis às modelos que nelas desfilam.

De fato, cada época tem seus padrões de beleza e, estando imersos naqueles que vigem no nosso tempo, acabamos vendo com estranheza os que eram impostos no passado. O espartilho que oprimia as donzelas nos parece uma aberração - mas quem dirá que, daqui a cem anos, esse mesmo olhar de perplexidade não será dirigido às mulheres de 2007, que abusam de drogas inibidoras de apetite, recorrem a dietas que prometem milagres e desfiguram seus rostos e corpos nas mesas de cirurgiões plásticos?

2 comentários:

Anônimo disse...

Bastante interessante. Entretanto, considero um erro o universo masculino não ter sido citado. A exigência de um corpo perfeito não se dá apenas às mulheres, como observado nas academias de musculação, nos centros de estética com participação masculina crescente e na ascensão do número de homens afetados pela anorexia. A pressão na mulher de fato é maior, mas sempre existiu. O fenômeno masculino, cujos adeptos são até mesmo caracterizados como "metro-sexuais" merecia, pelo menos, uma citação.

Thiago Lasco disse...

LUIZ: eu concordo 100% com vc, também acho que eles pecaram por não falar dos homens, tanto que o nosso grupo até disse isso pra eles quando o professor abriu para comentários da classe.

Aliás, eu quase escrevi essa crítica no meu texto. Mas, como o grupo deles já sabe que eu fiquei puto porque eu acho que eles roubaram esse tema do nosso grupo (embora eles digam que não, eu não acredito neles e só não levei o fato para o conhecimento do professor porque não tenho provas e isso iria criar um atrito desnecessário), eu preferi não criticá-los, para eles não acharem que criticá-los neste blog era algum tipo de represália minha.

Mas concordo inteiramente com vc, e se tiver tempo eu mesmo vou escrever um texto neste blog sobre a ditadura da beleza sobre os homens.

Um abraço!